O que são derivativos? Você sabe como funcionam?
Você começou a procurar sobre investimentos ou talvez sobre como trabalhar em banco e encontrou a palavra “derivativos” e não sabia o que significava?
Os derivativos costumam ser um pouco complexos para quem escuta pela primeira vez.
Mas como um pouco de estudo você vai conseguir entender como funciona cada um deles.
Talvez você passe um tempinho lendo esse artigo, mas vale a pena.
O que são os derivativos?
Os derivativos, apesar de não serem muitos famosos na sociedade, já existem há um bom tempo.
Pelo menos no Brasil, só para você ter noção, a Bolsa do Café foi aberta em 1917, apesar de lá só possuir um tipo de derivativo (vou te explicar mais à frente).
Os derivativos sempre tiveram como objetivo de “hedgear” uma operação, isto é, trazer mais segurança para quem fez a operação.
Na prática, o que acontecia na Bolsa do Café é que tanto os produtos como os compradores de café iam até lá para fechar negócios.
Assim, eles poderiam comprar o café daqui há 12 meses já sabendo o preço final (ou vender no caso).
Isso era algo bom tanto para o comprador quanto para o vendedor.
Bom, esse foi o começo da história dos derivativos, mas ela fica mais complexa mais para frente.
Quais são os tipos de derivativos?
Existem pelo menos 4 tipos de derivativos e cada um deles tem uma particularidade, mas fique tranquilo(a) vou te explicar sobre todos eles.
Mercado futuro
O mercado futuro é exatamente o processo que eu expliquei acima sobre a Bolsa do Café.
A Bolsa do Café não existe mais, apesar de você ainda poder visitar o edifício histórico que hoje é o Museus do Café.
Apesar de ser um museu bem pequeno, se um dia estiver em Santos-SP, vale a pena conhecer (eu claramente já fui e acabei tomando um cafézinho lá).
Hoje a Bolsa de Valores responsável pelo mercado futuro é a B3, que acabou evoluindo bastante o modelo inicial em que só se negociava café.
É possível negociar dezenas de contratos futuros, relacionados à moedas, ações e commodities.
Inclusive você pode clicar aqui e entender melhor esse processo e quais são os contratos que estão abertos hoje na Bolsa de Valores.
Mercado a termo
O mercado a termo funciona da mesma maneira que o mercado futuro.
Um comprador dá um lance para a compra futura de um índice, moeda ou commodity em uma data futura e encontra um vendedor para fechar o negócio.
Assim que chega a data futura é feito a diferença entre o preço que foi acordado lá atrás e o preço do ativo hoje.
Se o preço hoje estiver mais caro, o vendedor deve pagar a diferença para o comprador e se estiver mais barato o comprador que paga a diferença.
Mas atenção! Na grande maioria das vezes o ativo não é entregue ao comprador, só existe uma liquidação financeira e o comprador vai atrás da mercadoria sozinho.
A grande diferença entre o mercado a termo e o mercado futuro é que o mercado a termo é feito fora dos padrões de lotes futuros.
No mercado futuro não existem muitas possibilidades de contratos, logo se você quiser que a data final do seu contrato seja muito específica você não vai conseguir.
Assim, as partes geralmente fazem um “acordo” (termo) fora dos padrões do mercado futuro e fazem o registro dessa operação na B3.
Opções
As opções provavelmente são o instrumento de derivativo mais complicado que existe.
Com certeza eu não vou conseguir te explicar todo o processo aqui, mas você vai ter um básico para começar.
As opções podem ser divididas de duas maneiras.
Call
Uma call funciona basicamente da seguinte maneira.
Um comprador paga um prêmio, vamos dizer 2 reais, para comprar uma ação da Petrobras daqui 3 meses a 30 reais.
Daqui 3 meses se verifica o preço da ação da Petrobras, se ela estiver acima de 30 reais, o vendedor tem que pagar a diferença para o comprador.
Mas caso ela esteja abaixo de 30 reais, simplesmente nada acontece.
O comprador acaba perdendo os 2 reais que gastou comprando uma opção e “segue a vida”.
Put
Uma put funciona exatamente da maneira contrária.
Agora o vendedor acha que a ação da Petrobras vai cair e compra uma put por 2 reais que dá direito dele vender uma ação da Petrobras à 30 reais.
Se daqui 3 meses a ação da Petrobras tiver caído para menos de 30 reais o vendedor deve pagar a diferença, mas se a ação estiver maior que 30 reais, de novo nada acontece.
A grande complicação das opções é que é possível mesclar elas e fazer operações ainda mais complexas.
Fica um pouco difícil de explicar tudo aqui, mas você pode seguir estudando.
Swaps
Os swaps têm uma aplicação bem simples, eles costumam ser usados para alterar o tipo de dívida que uma empresa tem.
Vamos imaginar que uma empresa queira trocar a dívida em dólar e transformar em real, ok? (estou escrevendo de uma maneira simplificada, na prática é um pouco mais complexo).
Essa empresa vai no banco e pede para fazer um swap com o banco.
O banco vai no mercado, utiliza de outros derivativos para excluir o risco do dólar e repassa o novo valor com uma margem para a empresa.
Derivativos são arriscados?
Até o momento eu só expliquei para você casos em que as empresas procuram uma maneira de reduzir os seus riscos no mercado.
Mas o mercado futuro e de opções abriu uma porta para grandes fundos de investimento e especuladores também entrarem nesse mercado.
Por isso, vou contar duas histórias bem famosas em que os derivativos acabaram causando sérios estragos.
Silver Thursday
A história dos irmãos Hunt é bem famosa.
Filhos de um bilionário do petróleo, eles tentaram manipular o mercado futuro da prata, comprando contratos futuros (derivativos) em uma quantidade absurda para que o preço subisse nas alturas.
O problema é que para fazer esse tipo de operação é preciso deixar algumas garantias com a corretora.
Depois de não terem mais como adicionar garantias em 27 de março de 1980, boa parte dos seus contratos foram vendidos e o preço da prata caiu de 48,70 dólares para 11 dólares.
Você pode ler um pouco mais sobre essa história aqui (desculpe, mas a matéria é em inglês).
Long Term Capital Management (LTCM)
LTCM foi um grande fundo de investimentos fundado em 1999.
O fundo reunia em sua equipe dois vencedores do prêmio Nobel e prometia rendimentos extraordinários para os seus investidores.
O problema foi que o fundo usou tanto os derivativos para se alavancar, que quando teve uma pequena oscilação no mercado, o fundo acabou tendo um enorme prejuízo e teve que fechar.
Essa história também é muito conhecida e se você quiser saber um pouco mais, pode comprar o livro que conta todos os detalhes.
Eu li há muito tempo atrás, mas sempre recomendo para quem quer saber um pouco das loucuras do mercado financeiro.
Pessoas físicas podem operar derivativos?
Pessoas físicas podem operar basicamente no mercado futuro e no mercado de opções.
Ambos são padronizados pela B3 e você compra basicamente como se fosse uma ação no seu Home Broker.
Mas os derivativos de swap e a termo têm um impedimento para pessoas físicas.
Geralmente esses contratos são feitos só por empresas grandes com seus respectivos bancos.
Mas o mercado de opções e futuros já deve solucionar boa parte dos seus problemas.
Como aprender mais sobre derivativos?
Essa história toda de derivativos costuma ser bastante complexa.
Talvez inclusive você esteja um pouco cansado depois de toda essa leitura.
Mas a melhor coisa é continuar estudando sobre o assunto.
Quanto mais você ler, mais terá propriedade para falar dele.
Aqui no blog tem diversos artigos para te ajudar nessa missão.
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Até mais!
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PS: Eu não recomendo livros que não tenha lido.