caixas empilhadas em um depósito

Units: o que são e por que elas existem?

Se você nunca leu nada sobre units pode ter ficado confuso na hora de investir.

Afinal, qual das opções você deveria investir, ações ON, ações PN ou units?

E será que as units são algo ruim? Por que motivos elas existem?

Eu vou tentar explicar todos esses pontos aqui no artigo, mas antes de mais nada…

O que são units?

Units são certificados de depósitos de ações compostos por ações ordinárias (ON) e ações preferenciais (PN).

E apesar de serem certificados de depósito e não ações, você compra as units da mesma maneira que você compra uma ação pelo Home Broker da sua corretora.

Quais empresas possuem units?

Existem poucas empresas que possuem units hoje na Bolsa de Valores, sendo que as principais são:

  • ALUP11 – Alupar
  • BIDI11 – Banco Inter
  • BPAC11 – BTG Pactual
  • ENGI11 – Energisa
  • KLBN11 – Klabin
  • SAPR11 – Sanepar
  • SANB11 – Santander
  • SULA11 – Sul América
  • TAEE11 – Taesa

As units geralmente aparecem em empresas que já estão há um bom tempo na Bolsa de Valores.

Isso acontece porque a maioria das empresas que entram hoje em dia na Bolsa de Valores têm participado do segmento de listagem chamado Novo Mercado em que não é permitido emitir ações preferenciais.

Isso é uma forma de dar mais valor a todos os acionistas e assegurá-los de seus direitos.

Como identificar uma unit?

As units sempre possuem o sufixo “11” no final do código da ação, ao invés dos famosos “3” “4” “5” e “6”.

Veja alguns exemplos:

  • ITUB3 – Ações ordinárias do Itaú
  • BBDC4 – Ações preferenciais do Bradesco
  • BPAC5 – Ações preferenciais de classe A do BTG
  • ELET6 – Ações preferenciais de classe B da Eletrobras
  • TAEE11 – Unit da Taesa

O “11” no fim do código da ação tem também outras utilidades na B3

Por mais estranho que possa parecer, ainda existem dois outros ativos que também usando o sufixo “11” na B3, sendo eles:

Pode ser que isso acabe gerando uma confusão na primeira vez que você estiver vendo, mas depois de um tempo você acaba se acostumando.

Por que existem units?

Entender os sufixos de ações ordinárias e preferências já costuma ser um transtorno e com as units fica ainda mais complicado investir para quem não tem muito conhecimento.

Afinal, por que inventaram as units?

Antes de explicar isso eu preciso explicar um pouco o conceito das ações preferenciais…

Entendendo um pouco da lei

A Lei Nº 6.404 (Lei das SAs) foi publicada em 1976 com o intuito de proteger o acionista de ações preferenciais.

Um dos pontos mais importantes da lei foi a limitação do número de ações preferências:

§ 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações emitidas. 

Isso faz com que o controlador seja obrigado a ter um capital mínimo investido na empresa.

Seria estranho por exemplo um controlador ter somente 1% da empresa e “mandar em tudo”, concorda?

Bom, com a chegada do Novo Mercado da B3 as empresas começaram a se mover para oferecer um nível de governança maior, mesmo que ainda não tão profundo (somente ações ON).

Logo…

As units começaram a surgir com o objetivo de dar mais importância para todos os acionistas e unificar as classes de ações (ON e PN) que estavam disponíveis no mercado em um só papel.

Bem, em tese esse costuma ser o motivo anunciado…

Como funcionam as emissões de units?

As emissões de units podem acontecer através de aumento de capital ou por decisão da empresa de unir as classes de ação ON e PN.

Eu peguei dois casos em que essas mudanças aconteceram para você entender melhor.

Criação de units da Sanepar

A criação de units da Sanepar é um caso bem curioso.

O governo do Paraná tinha intenção de vender boa parte de suas ações ordinárias.

O problema é que como o Governo do Paraná tinha 90% de todas as ações ordinárias, mal existia liquidez dessas ações.

Por isso, a Sanepar acabou juntando o “útil com o agradável” e decidiu propor a emissão de units.

Assim, ela criou demanda para as ações ordinárias que o Governo do Paraná detinha e se tornou uma empresa mais “próxima” do Novo Mercado.

Ainda assim, o Governo do Paraná continuou como controlador da empresa…

Criação de units da AES Brasil

A AES Brasil mudou sua estrutura societária em 2016 e passou a ser negociada praticamente em forma de units.

O mais curioso é que em 2021 a empresa decidiu transformar suas units em ações ordinárias e entrar no Novo Mercado.

A empresa ainda alegou que poderia alavancar mais os seus negócios com essa mudança.

O que acontece com as ações PN e ON que não fazem parte das units?

A formação das units acaba criando em alguns momentos “sobras” de ações PN que acabam ficando totalmente sem liquidez.

A quantidade pode mudar dependendo de novas conversões de ações em units (Jan/21)

No caso da AES Brasil que eu citei lá em cima, a empresa decidiu acabar com o modelo de units e as “sobras” de ações foram vendidas e o valor recebido das vendas foi distribuído aos acionistas.

No geral, as units acabam sendo uma opção mais segura para o investidor que não tem muito conhecimento do mercado e não quer ser pego de surpresa.

Se por acaso a sua empresa estiver planejando lançar units, fique bem atento aos avisos e como isso será feito.

Por último, é possível que aconteça algumas discrepâncias de preços, como por exemplo, a ação PN ficar mais barata em relação às units.

Se por acaso existirem pouquíssimas ações PN, não me parece valer a pena correr esse risco.

Eu só consideraria essa hipótese em casos em que ainda existem muitas ações PN em circulação.

Se quiser entender um pouco melhor, eu comentei melhor sobre essas discrepâncias nesse artigo.

Empresas que possuem units são piores?

Apesar de toda essa história que eu contei, a emissão de units não constitui uma mudança muito grande na gestão da empresa.

As ações ON e PN continuam existindo e o controlador continua necessitando de uma quantidade menor de capital para assumir o controle da empresa.

O grande ponto é sempre entender quem é o controlador da empresa e quais são seus objetivos.

Evidente que quanto maior o percentual da empresa o controlador precisa ter, mais envolvido ele estará no negócio, mas isso nem sempre muda as coisas.

É só ver como o governo impacta os preços das ações de empresas estatais…

Muitas vezes o governo realmente é dono de mais de 50% do capital da empresa e mesmo assim isso tem um impacto negativo.

O único problema que eu citaria das units é que elas acabam gerando uma confusão para o investidor(a) que nunca ouviu falar delas e não entende qual classe de ação deveria comprar.

Mas pelo menos agora você já sabe que no geral, as units costumam ter boa liquidez, já as ações PN é preciso analisar melhor.

Você já comprou units?

Eu sempre recebo algumas dicas aqui nos comentários que ajudam na hora de atualizar o artigo.

Será que você tem algo para adicionar? Você por acaso já teve algum problema com units? Já ficou na dúvida de qual comprar?

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Até mais!

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