notas de dólares espalhadas

Bonds: O que são? Vale a pena investir? (+Data)

Os bonds são instrumentos muito conhecidos no mundo inteiro e podem dar um ótimo retorno para o investidor que está procurando um investimento menos volátil.

Mas será que você já sabe bem os detalhes desse tipo de investimento? Será que vale a pena investir mesmo?

Confesso que eu mesmo já tive algumas dúvidas sobre o assunto.

Mas agora que já conheço bem o assunto acho que posso te ajudar.

O que são bonds?

Talvez você já ouviu falar muito mais de bonds do que imagina.

Na verdade, bonds são basicamente títulos de renda fixa que representam um empréstimo feito pelo investidor(a).

Esse nome não costuma ser usado aqui no Brasil, mas existem diversos outros produtos que poderiam ser considerados uma “espécie de bond”.

Os mais comuns deles são os títulos do Tesouro Direto, CRA, CRI, FIDC e debêntures (esse último costuma ser um pouco questionável).

Bonds de países

Provavelmente todos os países do mundo emitem bonds para financiar suas dívidas.

Mas alguns geralmente chamam mais atenção que outros.

Os bonds americanos são os mais conhecidos do mundo e é geralmente para lá que o mundo olha quando vai procurar por investimentos livres de risco.

Estados Unidos

Existem alguns tipos de títulos americanos, assim como no Tesouro Direto, mas lá os títulos com taxas fixas existem há muito mais tempo que os títulos indexados.

Os Estados Unidos só começaram a disponibilizar esse tipo de título “recentemente”.

Dá uma olhada como funcionam esses títulos:

Bond Prazos Tipo Quando foi lançado?
T-Bills4, 8, 13, 26, or 52 semanasprefixado1929
T-Notes2, 3,5 e 7 anosprefixado1967
T-Bonds20 e 30 anosprefixado1963
TIPS5, 10 e 30 anosinflação + taxa1997
FRNs2 anosindexado2014
Fonte: TreasuryDirect

Se você está se perguntando qual é o título que costuma ser comprado, a resposta pelo menos no mês de novembro de 2020 são as T-Notes.

Rendimento histórico

Apesar de todo mundo falar dos bonds americanos, eles tiveram uma queda bastante forte nas taxas nos últimos 30 anos (muito por causa da inflação americana que caiu bastante).

Mas para o investidor que costuma investir só na dívida americana as coisas complicaram um pouco nos últimos anos.

Fonte: Macrotrends 30 anos, 10 anos e 1 ano

Municipal bonds

Além das famosas T (adicione alguns dos nomes aqui) nos Estados Unidos, tanto os estados quanto os municípios, também podem emitir bonds.

Esse valor apesar de relativamente pequeno em relação à dívida do governo federal ainda é bastante representativo:

Fonte: TPC

Inglaterra

Os bonds da Inglaterra costumam ser chamados de “Gilts” e costumam ser bastante importantes no cenário mundial.

Para conferir as taxas que costumam ser cobradas por eles é só clicar aqui.

Alemanha

Os bonds da Alemanha (conhecidos como “Bund”) também são bastante famosos e inclusive já geraram alguns problemas para um fundo de investimento (vou comentar mais abaixo).

A Alemanha tem ficado famosa por cobrar taxas muito baixas para os seus títulos.

Para você ter uma ideia, a última vez que eu vi até mesmo os títulos de 30 anos estavam próximos de zero.

Você pode conferir clicando aqui.

Japão

Os títulos do Japão não tem nenhum nome famoso que costuma ser citado.

O que geralmente chama atenção no caso do Japão é o percentual da dívida em relação ao PIB que costuma ser sempre muito alto (geralmente sempre acima de 200%).

Apesar disso, o Japão parece nunca ter tido sérios problemas com esse endividamento.

Você pode checar os preços dos bonds japoneses clicando aqui.

Brasil

Bom, imagino que você está querendo saber sobre bonds, provavelmente já sabe como funciona o Tesouro Direto.

Mas se por acaso tiver ainda alguma dúvida e quiser saber mais sobre o assunto, pode clicar aqui para ver o artigo que eu escrevi sobre os títulos do Brasil.

Como medir o risco dos bonds?

O risco do bonds dos países (também conhecidos como títulos soberanos) costumam ser medidos pelo CDS.

Talvez você já tenha ouvido falar desse instrumento, ele ficou bastante famoso durante a crise de 2008.

Eles costumam funcionar como uma “espécie de seguro” e são pagos recorrentemente, assim se houver alguma oscilação forte no índice do CDS daquele país, o investidor é recompensado.

Bom, existe um site (não sei muito bem o quão confiável é) que divulga quanto são as taxas de CDS para os bonds de alguns países relevantes no mundo.

Eu dei uma olhada dia 15/12/2020 e estava mais ou menos assim:

País 5 Anos CDS
Alemanha10.70
Estados Unidos12.80
China28.42
Brasil151.20
Fonte: World Government Bonds

Corporate bonds

Os corporate bonds são, como eu disse lá em cima, dívidas emitidas pelas empresas.

Essas dívidas costumam ser bastante seguras e muitas vezes elas têm preferência no recebimento de dinheiro caso a empresa vá à falência.

Além disso, elas geralmente costumam pagar um prêmio em relação os bonds do governo federal (teoricamente, claro).

Aqui, as dívidas das empresas brasileiras têm diversos tipos de categorização e não necessariamente seguem esse padrão.

É sempre bom avaliar quais são as garantias nesse caso.

Como medir o risco dos corporates bonds?

Os corporates bonds costumam ser classificados por 3 grandes empresas de classificação de risco e seguem o seguinte conceito:

Fonte: Moody’s, S&P e Fitch

Corporate bonds versus bonds de países

Chegar numa resposta clara para essa pergunta é um pouco difícil, mas vou tentar usar o mercado americano para conseguir algum tipo de resposta para você.

Como nos Estados Unidos o mercado é muito mais avançado, lá existem milhares de ETFs com os mais variados objetivos.

Duas ETFs muito famosas são administradas pela Vanguard que são a VGLT (títulos do tesouro americano) e VCLT (títulos corporativos) e que vão conseguir ajudar a gente nessa missão.

O desempenho das duas ETFs ao longo dos anos ficou da seguinte maneira:

Período VGLT (títulos do tesouro americano) VCLT (títulos corporativos)
1 ano15,92%9,44%
3 anos11,75%8,58%
5 anos8,13%8,85%
10 anos7,10%7,39%
Fonte: Vanguard
Considerando a data final: 15/12/2020

O desempenho dá uma leve vantagem para o tesouro americano no curto prazo, mas a longo prazo elas tendem a ter um desempenho muito parecido, apesar do maior risco dos títulos corporativos.

Bonds americanos versus Tesouro Direto

A verdade é que o caminho contrário costuma acontecer muito mais.

É bem mais comum que fundos americanos comprem bonds brasileiros, do que os fundos brasileiro comprem bonds americanos (para títulos soberanos).

Geralmente, o que acontece no mercado brasileiro é o investimento em BDRs, que é basicamente investir em ações de empresas americanas (ou estrangeiras).

Mas claro, isso não é uma regra, é bem possível que brasileiros acabem investindo uma parte do seu patrimônio em bonds para se proteger da variação cambial.

Estratégias de arbitragem de bonds

Uma outra estratégia que costuma ser feita por hedge funds para conseguir ganhar dinheiro com bonds é de arbitragem entre bonds de países diferentes.

Bem, é uma estratégia bastante arriscada, mas que dependendo da situação pode dar muito dinheiro.

Uma delas que não deu certo, foi quando um hedge fund chamado LTCM tentou convergir as taxas de bonds italianos com os bonds alemães (essa história é muito famosa, por sinal).

A estratégia consistia em comprar bonds italianos e vender bonds alemães, mas o que aconteceu foi que durante uma crise na Rússia os papéis simplesmente não convergiram e a LTCM acabou praticamente virando “pó” (apesar de que outras estratégias ajudaram nessa conclusão).

Dá uma olhada como ficou o resultado de quem investiu dinheiro no fundo na época:

Resultado de 1 dólar investido na LTCM

Fonte: Livro When genius failed

Quem resgatou o dinheiro do fundo antes da queda deve ter ficada bastante feliz, já quem não conseguiu resgatar a tempo teve um “leve” prejuízo.

Ah se você se interessou pela história, pode clicar aqui e comprar esse livro pela Amazon.

No livro essa história é contada com muito mais detalhes.

Como comprar bonds?

A verdade é que a maioria dos países têm um sistema, como o Tesouro Direto, para que indivíduos possam comprar títulos soberanos.

O problema é que esse processo pode dar uma enorme trabalho e além disso, você provavelmente terá algumas taxas para pagar no meio do caminho.

Talvez você não saiba, mas quando você investe em um fundo de investimento aqui no Brasil que tem como objetivo superar a cotação do dólar ou do euro (um exemplo só), ele na verdade envia o dinheiro para fora e compra títulos soberanos e títulos de empresas nesses países.

Isso faz com que ele acompanhe a oscilação da moeda e ainda ganhe uma taxa de juros (geralmente muito pequena).

Se você procurar na sua corretora por esse tipo de fundo de investimento, vai ver que esse tipo de informação aparece na lâmina do fundo.

Quer aprender mais sobre investimentos?

Eu já escrevi vários artigos como esse aqui no blog.

Se você gosta de artigos com um pouco mais de dados e não aqueles que são só enrolação (desculpa as palavras fortes), vale a pena dar uma olhada.

Vou deixar aqui embaixo os artigos que costumam ser mais acessados aqui no blog.

Até mais!

*Eu recebo uma pequena comissão da Amazon pelas indicações dos livros que eu faço no blog. Essa é uma forma singela de remunerar o meu trabalho aqui.

PS: Eu não recomendo livros que não tenha lido.

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